Educação Permanente em Saúde como estratégia para o enfrentamento das Infecções Relacionadas a Assistência à Saúde
As
Infecções Relacionadas a Assistência à Saúde são infecções que ocorrem a partir
da realização de procedimentos assistencial ou da internação do paciente. Essas
infecções são responsáveis por parte dos óbitos registrados anualmente e,
portanto, figuram um grave problema de saúde pública que pode contribuir para
desfechos desfavoráveis, tanto para o paciente quanto para instituição de
saúde.
Atualmente entende-se que essas
infecções podem se desenvolver no contexto extra-hospitalar. Neste cenário, as
Unidades de Pronto Atendimento (UPA) se apresentam como uma instituição de
saúde que possui características favoráveis ao desenvolvimento deste agravo.
As UPA são instituições destinadas
ao atendimento de urgências e emergências que atendem a população em geral através
da livre demanda e também aqueles pacientes que são encaminhadas até a unidade
através do sistema de regulação. Nesta unidade, o paciente recebe atendimento
médico e de enfermagem, sua necessidade é avaliada e se for preciso este
paciente será encaminhado a unidade hospitalar.
Por se tratar de um local que atende
situações de urgência e emergência muitos procedimentos invasivos são realizados,
e devido a situação de tensão estabelecida pela características do atendimento
podem contribuir para falhas na técnica e, consequentemente, para o desenvolvimento
de quadro infeccioso relacionada aquela assistência.
Além disso, no contexto da pandemia
por COVID-19 houve um aumento na demanda de atendimentos nessas unidades,
especialmente de pacientes que necessitam de suporte ventilatório (oxigênio).
Consequentemente, maior uso nos materiais que são utilizados para este tipo de assistência,
classificados como Produtos Para a Saúde. Estes materiais incluem as máscaras,
extensões, conexões e vários outros dispositivos que são necessários para
ofertar a assistência ventilatória a estes pacientes.
Estes PPS em sua maioria são reutilizáveis
e para isso existe um local na instituição de saúde que realiza todo um
processo de limpeza, desinfecção e esterilização para que possam ser novamente
usados: a Central de Material e Esterilização (CME).
A CME possui um processo de trabalho
especifico e com etapas interdependentes. É de suma importância que cada etapa
seja realizada de maneira qualificada para que o resultado final seja um produto
seguro para ser utilizado, pois uma vez este processamento não ocorrer adequadamente
estará contribuindo também para o desenvolvimento das IRAS.
A manipulação dos materiais
contaminados utilizados pelos pacientes devem ser realizados com bastante
cuidado pois podem contribuir para disseminação dos microrganismos, incluindo o
vírus da COVID-19 acarretando risco também para o profissional. Frente a isso
foram estabelecidas diversas orientações à CME para o adequado trabalho acerca
destes materiais.
Entretanto, neste aspecto,
esbarra-se numa barreira que compreende a modificação das práticas pelos
profissionais. Esta barreira é algo já enfrentado há algum tempo e vivenciada
no enfrentamento as IRAS. E uma das estratégias que tem sido utilizada neste
enfrentamento são as ações educativas.
Estas ações vão ao encontro da Política
Nacional de Educação Permanente em Saúde, instituída em 2004, que busca intervir
na pratica dos profissionais através de ações educativas que promovam reflexão
sobre suas ações e tornem os profissionais os atores principais neste processo.
Assim, é importante investigar a
priori quais são os pontos que precisam ser melhorados no processo de trabalho
e quais devem ser reforçados, de modo que estes sejam os pontos que norteiem o
desenvolvimento das ações educativas, pois assim poder-se-á alcançar como
resultado final profissionais mais qualificados e uma assistência segura ao
paciente.
Natalia Bianchini Dodo
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