Vocês já devem ter ouvido falar da capacidade de plantas aquáticas em removerem contaminantes dos ambientes onde elas crescem. Essas plantas são conhecidas tecnicamente como “macrófitas aquáticas”, que do Grego significa Macro(Makro)= Grande, e Fita(Phyton)= Planta, são os vegetais superiores de ambientes aquáticos. Mesmo que essa capacidade de remover contaminantes seja algo reconhecido há mais de três décadas, ainda instiga curiosidade, e em relação a isso há uma pergunta importante a se fazer, e essa pergunta é: Como essas plantas removem esses contaminantes?
Estes contaminantes não são como nutrientes
convencionais e necessários para o crescimento dessas plantas, portanto, as
vias de entrada no organismo vegetal devem ser diferentes também.
Alguns pesquisadores indicam que os metabólitos secundários,
compostos químicos produzidos por essas plantas, são possíveis agentes que
auxiliam na entrada desses contaminantes, nosso grupo de pesquisa buscou
investigar o papel desses metabólitos na remoção de um contaminante específico
(o metal pesado cádmio). Para isso, amostras de Salvinia auriculata,
conhecida popularmente como orelhinha-de-onça, foram coletadas em dois locais,
sendo um deles no Parque da Lagoa Comprida em Aquidauana (Imagem 1), após coletadas
elas foram secas, e depois divididas em dois grupos, sendo um dos grupos submetido
à extração dos metabólitos que foram posteriormente analisados por cromatografia
líquida (HPLC-MS/MS), uma técnica que auxilia na identificação desses compostos.
Com os dois grupos de plantas definidos, um sem
metabólitos secundários (passado por processo de extração) e outro com os
metabólitos secundários, um ensaio em laboratório simulando a remoção de
contaminante cádmio foi realizado, os resultados foram analisados por espectrometria
(ICP OES), técnica que permite quantificar quanto de metal há em uma
determinada amostra.
Os resultados obtidos demonstraram que não houve
uma diferença significativa entre amostras com ou sem metabólitos, embora o
resultado não tenha sido o sugerido pelas pesquisas prévias, ainda sim serviu
para reforçar a capacidade dessas plantas para remoção de contaminantes, outro
aspecto positivo desta pesquisa foi a obtenção de um perfil químico dessa
espécie, ou seja, os metabólitos que são produzidos por elas, algo pouco
relatado até hoje, de posse dessas informações foi possível não apenas complementar
as informações desse grupo de vegetais, mas também propor uma aplicação biotecnológica
para estes metabólitos, assim como muitos avanços para novos medicamentos,
produtos alimentícios ou outro segmento da indústria possibilitados por pesquisas
semelhantes.
Dentre os metabólitos encontrados nessas plantas,
alguns só foram identificados nesta espécie e suas estruturas sugerem possíveis
atividades biológicas de interesse econômico, o próximo passo da nossa pesquisa
é encontrar dentre esses metabólitos, aquele que colocara a espécie como uma
importante e inovadora fonte de metabólitos para aplicação biotecnológica.
Augusto César Rodrigues
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