Em
março de 2020, foi declarada situação de pandemia devido ao vírus Sars-Cov-2,
também conhecido como coronavirus. Novos hábitos e medidas foram adotados com o
objetivo de desacelerar a evolução da doença, causando uma mudança radical na
vida das pessoas. Como grande parte das coisas foram adaptadas para que a
população não precisasse sair de casa para atender a seus compromissos,
importantes impactos econômicos e sociais ganharam força, como por exemplo, o
aumento no valor das compras de mercado, o crescimento nas taxas de desemprego
e pobreza. Esses fatores acabaram piorando a situação de um outro problema já
existente e extremamente grave.
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Fonte: Jcomp (2021) |
Insegurança
alimentar é definida como a falta de acesso físico, econômico e social a
alimentos saudáveis, seguros e em quantidade suficiente. Ou seja, isso pode
acontecer não somente pela falta de comida, mas também, quando as únicas opções
possíveis são nocivas à saúde, como alimentos congelados, enlatados, embutidos,
ricos em açúcares e gorduras. Motivados por isso, pesquisadores de Vermont (Estados
Unidos) realizaram um estudo que investigou como a pandemia influenciou a
segurança alimentar da população local.
Essa
pesquisa aconteceu entre março e abril de 2020, logo no início da pandemia, e
tinha como objetivo identificar as diferenças entre a alimentação dos moradores
do estado antes e após o coronavírus. Para isso, a população foi convidada, através
de diferentes meios de comunicação (rádio, TV, redes sociais), a responder um
questionário composto por perguntas sobre alimentação. Com isso, eles conseguiram
em torno de 3200 participantes.
Após
análise dos questionários e a comparação deles entre si (chamado de análise
estatística), foi identificado um aumento importante de 32% nos casos de insegurança
alimentar desde o início da pandemia. Além disso, participantes desempregados
teriam 3 vezes mais chance de sofrerem com a insegurança alimentar, segundo os
pesquisadores. Seguindo a lógica, famílias que possuem crianças e,
principalmente, participantes mulheres estariam em maior risco.
Com
relação ao acesso à comida, os resultados apontaram que pessoas em insegurança
alimentar enfrentam mais desafios para adquirir os alimentos em relação ao
resto da população, como, por exemplo, ter que visitar mais de um mercado para
fazer suas compras pois são poucas as opções que atendam suas condições
financeiras e vontades. Para enfrentar tudo isso, esse grupo também participa
mais de programas de assistência do governo relacionados à alimentação e, também,
costuma buscar por alimentos mais baratos ou em promoção. Outro desafio aparece
ao usar o dependerem do transporte público para irem as compras, o que vai na
contramão das recomendações de segurança em relação ao contágio do coronavírus.
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Fonte: Pikisuperstar (2021) |
Diante disso, é visível o quanto a pandemia afetou a vida das pessoas, de formas diretas e indiretas. Como a alimentação é algo rotineiro e essencial para a sobrevivência, é assustador o pensamento de que, além dos cuidados contra o vírus, conseguir comida também pode ser um desafio. Então, assim como os responsáveis do estudo reforçam, pesquisas como essa são muito relevantes para que os governos possam agir a favor da população e garantir que o direito de comer seja sempre respeitado e seguro.
Gabriel Delmondes
Referência Bibliográfica:
NILES, T. M; et al. The Early Food Insecurity Impacts of COVID-19. Nutrients, v. 12, n. 7, 2020. DOI::10.3390/nu12072096. Acesso em: 30 jun. 2021. Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC7400862/pdf/nutrients-12-02096.pdf.
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