A ivermectina é, sem sombras de dúvidas, o medicamento veterinário mais utilizados para o controle de carrapatos como os da espécie Rhipicephalus microplus, conhecidos como carrapato-de-boi. Na pecuária essa liderança é mundial e possuí 30 anos de uso pra esta finalidade, o grande sucesso se deu pala eficiência superior da ivermectina, porém o uso sem concorrência favoreceu o desenvolvimento das chamadas “Cepas resistentes”, são carrapatos da mesma espécie, porém, que não sofrem pela ação da ivermectina, o principal problema relacionado a essa resistência é o impacto econômico na pecuária, uma vez que animais parasitados por estes carrapatos perdem peso e ficam com a saúde debilitada.
No Brasil, as perdas na pecuária leiteira e de corte, relacionadas à essa espécie de carrapato gira em torno de 15 bilhões de reais por ano, é por esta razão que ele é considerado o parasita mais nocivo da indústria, além dessas perdas diretas relacionadas aos efeitos do Rhipicephalus microplus, ele também é vetor de Babesia spp, ou seja, transportam esse protozoários que causa a chamada “Tristeza parasitária bovina”, sua picada também causam feridas que são usadas por moscas da espécie Cochliomyia hominivorax para deposição de ovos. Em resumo o combate à carrapatos da espécie Rhipicephalus microplus é uma prioridade alta.
Identificar os mecanismos envolvidos no desenvolvimento dessa resistência à ivermectina é importante para prever e reverter à resistência tanto à ivermectina quanto para outros fármacos. Nesse aspecto, os pesquisadores deste estudo realizaram ensaios em laboratórios com duas cepas do carrapato Rhipicephalus microplus, uma resistente a ivermectina e outra não. Neste estudo foram monitoradas enzimas que realizam a desintoxicação no organismo, utilizando inibidores de grupos de proteínas relacionadas a essas enzimas. Para calcular o efeito dos inibidores sob as enzimas de desintoxicação, a taxa de mortalidade na cepa foi utilizada.
Dos resultados obtidos, ficou demonstrado que todos os inibidores tiveram algum efeito sob a mortalidade na cepa resistente, em níveis diferentes, mas ambos demonstraram participar da desintoxicação de ivermectina nesses parasitas, isso demonstra que o mecanismo que levaram o desenvolvimento da resistência à ivermectina é amplo, porém o estudo demonstrou que o uso da ivermectina combinada com os inibidores de enzimas relacionadas à resistência é um alternativa que pode ser aperfeiçoada para emprego na aplicação e recuperar a eficiência da ivermectina em casos onde os parasitas apresentam resistência ao fármaco.
O presente estudo apresenta a importância da pesquisa voltadas a descoberta de compostos alternativos para uso no combate a esses parasitas, principalmente pela alta demanda, fármacos utilizados em larga escala estão sujeitos a perda de eficiência causada pelo desenvolvimento da resistência dos organismos alvo, algo inerente dessa dinâmica do combate à praga e parasitas.
Augusto César Rodrigues
Referência:
Le Gall, V. L.; Klafke, G. M.; Torres, T. T.; Detoxification mechanisms involved in ivermectin resistance in the cattle tick, Rhipicephalus (Boophilus) microplus. Scientific reports. United Kingdom, 2018.
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