A introdução de pragas não-nativas representa uma ameaça importante à produção de soja brasileira, resultando em reduções de produtividade e aumento no uso de inseticidas pelos produtores. As introduções e surtos populacionais de Bemisia tabaci (a partir de 1990), Tetranychus urticae (a partir de 2000) e Helicoverpa armigera no Brasil (a partir de 2010), por exemplo, contribuíram para que o uso de inseticidas na soja triplicasse de 1990 a 2016.
Certos fatores biológicos e ecológicos podem conferir elevada capacidade invasiva a determinadas espécies de artrópodes, facilitando sua introdução e estabelecimento em novos ambientes. Esses fatores podem ser resumidos em quatro critérios principais de avaliação: probabilidade de entrada no país, probabilidade de estabelecimento no país, características biológicas da espécie e disponibilidade de medidas de manejo.
A
espécie Spodoptera litura
(lagarta-desfolhadora) é um exemplo de pragas da soja, atualmente ausentes no
Brasil, que atende ao menos três dos quatro critérios elencados acima e,
portanto, apresenta alto risco de invadirem o país nos próximos anos. Caso se
concretize, tal cenário impactará severamente a produção de soja brasileira, a
exemplo dos países onde essas duas espécies já se estabeleceram.
Atualmente,
o uso de inseticidas químicos tem levado ao desenvolvimento de resistência em
insetos, causando efeitos nocivos a organismos não visados e ao meio ambiente.
Inseticidas oriundos de plantas são uma fonte alternativa para o manejo de
pragas de insetos. Sendo assim objetivou-se o artigo “Efeito de extratos de
folhas de Manihot esculenta (Crantz) no sistema antioxidante e imunológico de
Spodoptera litura (Lepidoptera: Noctuidae)” publicado na revista BIOCATALYSIS
AND AGRICULTURAL BIOTECHNOLOGY, onde os pesquisadores mostram como uma
alternativa de controle para essa praga os efeitos letais e subletais de Manihot esculenta na resposta imune e na
atividade enzimática antioxidante de larvas de Spodoptera litura, planta essa que é muito conhecida no Brasil e presente
em todas as regiões, conhecido popularmente como mandioca, aipim ou macaxeira.
O
resultado mostra que a alta toxicidade do extrato de folhas de benzeno de
petróleo em larvas de S. litura com CL₅₀
de 109,89 mg / mL. A análise FT-IR de extratos de folhas mostra a presença de
alcano, halogenetos de alquila, aminas, ésteres e ácido carboxílico. A análise
de GC-MS dos extratos contém 10 compostos, dentre eles o ácido 9,
12-octadecadienóico (10,93) e o Lupeol (11,35), 4, 4, 6A, 6B, 8A, 11, 14B-octametil-
(37,41). Além disso, vários efeitos subletais do extrato da folha também foram
observados. Houve um aumento significativo na contagem total de hemócitos e
contagem diferencial de hemócitos em larvas de S. litura. Os níveis de
fenoloxidase (PO), enzimas de desintoxicação como CytP450, GST e os níveis de
catalase foram significativamente aumentados, enquanto os níveis de SOD foram
menores do que nas larvas de S. litura
não tratadas. Os extratos de folhas de Manihot
esculenta são uma alternativa aos inseticidas químicos para o manejo de
larvas de S. litura e podem ser
usados para o manejo de outras pragas de insetos agrícolas.
Danielle Beatriz de Lima Soares
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