Para evitar a predação, as diversas espécies de bicho-pau conseguem utilizar dois meios de defesa para sua sobrevivência. A primeira forma de se protegerem, é a camuflagem. Devido sua semelhança com um graveto, eles conseguem utilizar características do ambiente em que vivem para se esconderem de predadores. A segunda é menos conhecida, mas estes indivíduos pertencentes a ordem Phasmatodea, possuem a habilidade metabólica em utilizar muitos componentes de sua alimentação para produzir substâncias químicas de defesa por um processo chamado de biotransformação. Algumas espécies de bicho-pau possuem a capacidade de produzirem e liberarem uma substância líquida adstringente, junto a um gás lacrimogênio. No trabalho, “Developmental and Geographical Variation in the Chemical Defense of the Walkingstick Insect Anisomorpha buprestoides”, o pesquisador Dr. Aaron Dossey verificou quais químicos de defesa que a espécie de bicho-pau A.buprestoides pode ter em seis locais distintos do estado da Flórida nos EUA e suas diferenças. Inicialmente é importante relatar algumas diferenças entre os indivíduos encontrados nos seis locais de coleta. Os mais comuns e presente em quatro localizações, possuíam uma listra marrom com o restante do corpo de cor marrom escuro. No quinto local de coleta, foi encontrado indivíduos com um par de listras brancas e de corpo preto. No último local, encontraram a variante com um par de listras laranjas com corpo preto. Porém, todos pertenciam a mesma espécie.
Ao analisar as secreções destes insetos, foi observado que as variantes brancas e laranjas produziam apenas a substância conhecida como anisomorphal. Enquanto isso, os indivíduos mais comuns possuíam tanto o anisomorphal, como uma outra molécula, a peruphasmal. Estes tinham uma variação mais heterogênia, em relação às duas outras variantes, podendo produzir apenas o anisomorphal, apenas o peruphasmal, ou uma mistura de ambas moléculas. Outra variável analisada pelo autor, foi a diminuição da produção da substância dolichodial conforme os insetos atingiam a maturidade, passando a produzir apenas traços desta molécula quando adultos. O autor suspeita que estas diferenças podem possuir uma característica ambiental, comportamental ou genética. As variações nos indivíduos adultos podem ser devido a uma diferença na expressão de uma enzima utilizada na biossíntesa, ou na sequência primária do gene, ou ambas as opções. Há a possibilidade de existir interferência ambiental por conta da distância entre as populações, pois esta espécie não possui assas para locomoverem grandes distâncias em pouco tempo, sugerindo uma dispersão mais lenta e com possibilidade de isolamento geográfico. A diminuição da produção de dolichodial, possivelmente pode ser por conta da sensibilidade de seus predadores. Os indivíduos mais jovens de A. buprestoides podem ter invertebrados menores como predadores, como aranhas ou outros insentos. Conforme atingem a maturidade, é bem provável que sofram predação de vertebrados, como aves ou mamíferos. Estes predadores podem ser menos sensíveis ao dolichodial e mais vulneráveis ao peruphasmal e anisomorphal. Uma última possibilidade, é o uso destas moléculas como feromônios, onde seria utilizado para regular o período de acasalamento. Devido a tal variabilidade, o trabalho demonstra a importância da amostragem dos produtos biossintetizados, tanto ao longo do desenvolvimento dos insetos, quanto em locais distintos de coleta.
Fonte:
DOSSEY, A.T.; WALSE, S.S.; EDISON, A.S. Developmental and geographical variation in the chemical defense of the walkingstick insect Anisomorpha buprestoides. Journal of Chemical Ecology, [s.l.], v. 34, n. 5, p. 584–590, abr. 2008.
Comentários
Postar um comentário